UPA 24h de Lajeado participa de estudo pioneiro no Brasil que analisa incidência de eventos adversos graves relacionados a intubações

Instituições de diversos Estados participam da pesquisa, liderada pelo Departamento de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

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Por: Natalia Nissen/Univates

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h de Lajeado participa de uma iniciativa pioneira na implementação de estudos observacionais multicêntricos sobre a intubação orotraqueal no Brasil. O Brazilian Airway Registry Cooperation (Barco) foi criado em 2021 e é coordenado pelo Departamento de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). O principal objetivo do estudo é construir uma fonte de dados robusta para contribuir para uma prática médica mais segura a partir do entendimento do cenário nacional do manejo das vias aéreas nos pacientes críticos.

O médico Vinícius da Silva Castro, responsável técnico da UPA, explica que, desde que a Univates assumiu a gestão compartilhada da UPA com a Prefeitura de Lajeado, foram elaborados protocolos médicos com o objetivo de qualificar os atendimentos. Dessa forma, foi possível participar de projetos acadêmicos, como o estudo Barco e o projeto de boas práticas na atenção à cardiologia e urgências cardiovasculares do Hospital do Coração (HCor).

Médico Vinícius da Silva Castro, responsável técnico da UPA – Crédito – Rafaela Schneider – Saúde Univates

Para integrar o estudo Barco foi necessário obter parecer positivo da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que é a instância máxima de avaliação ética em protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos. Esse parecer foi dado em outubro do ano passado, e os dados da Unidade passaram a ser registrados no estudo em novembro, após as equipes participarem de atividades de capacitação para o registro dessas informações.

Castro destaca que o envolvimento com a pesquisa não altera a rotina dos atendimentos à comunidade. A UPA já conta com um protocolo de manejo de vias aéreas (intubação) desde 2021, com atualização anual e em conformidade com a literatura médica atual.

“A UPA está contribuindo com dados para um estudo que é mais do que apenas uma pesquisa científica, é a construção de uma base de dados nacional sobre intubações em emergências e em prontos atendimentos do Brasil. Ou seja, é algo inédito no País. Por ser uma unidade que atende a comunidade com a participação de acadêmicos e que prioriza a qualidade, está apta a participar do estudo”, explica o responsável técnico.

Entendendo o estudo

O Barco tem como foco analisar a incidência de eventos adversos graves relacionados às intubações em pacientes críticos, considerando aqueles que estão em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e em departamentos de emergência no País. Além disso, a pesquisa também visa à descrição do perfil epidemiológico e das características das intubações realizadas no cenário nacional. Em um primeiro momento, serão registrados os eventos durante as intubações não eletivas nas emergências brasileiras. A análise inclui as informações dos pacientes e dos profissionais envolvidos em todos os procedimentos de intubação realizados nas unidades participantes.

São coletados dados como:

– cidade, idade, sexo e peso estimado do paciente;

– idade, formação e anos completos desde a graduação do profissional intubador;

– presença de um segundo profissional intubador ou supervisor durante o procedimento;

– utilização de check-lists institucionais durante o período de peri-intubação;

– data da intubação;

– indicação da intubação;

– método de intubação;

– dispositivo usado para intubação;

– número de tentativas de intubação;

– medicações utilizadas;

– complicações imediatas;

– tempo até internação em unidade de terapia intensiva;

– desfecho em 28 dias, entre outras informações.

O estudo tem como pesquisadores principais o médico Ian Ward Abdalla Maia, médico emergencista do Departamento de Emergências Clínicas do HCFMUSP; a enfermeira Gabriela de Souza Stanzani, coordenadora de pesquisa no Departamento de Emergências Clínicas do HCFMUSP; o doutor Julio Alencar, doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP e diretor da Unidade de Emergência Referenciada do HCFMUSP; e o professor doutor Heraldo Possolo, professor associado da disciplina de Emergências Clínicas da FMUSP.

Unidades participantes

No Vale do Taquari, o Hospital Bruno Born (HBB) e o Hospital Estrela também integram a pesquisa. Participam, ainda, o Hospital Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul; Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS-POA), Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e Hospital Nossa Senhora da Conceição (GHC), de Porto Alegre; Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV), de Sapucaia do Sul; Hospital Regional de São José, de São José, Santa Catarina; Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (Hospital do Coração de Messejana), de Fortaleza, Ceará; Hospital Regional de Santa Maria, de Brasília, Distrito Federal; Hospital Metropolitano Odilon Behrens, de Belo Horizonte, Minas Gerais; Hospital Rio Grande, de Natal, Rio Grande do Norte; além do HCFMUSP.

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